A volta impossível após falha do motor

É uma coisa de pesadelos. Você decola sem problemas, motor roncando a toda potência durante a subida inicial. Tudo parece bem até que você atinja a altura de 500 pés, e então... silêncio. O motor pára!.

Com o manche sendo puxado e com o pedal direito da subida inicial ainda aplicado, a aeronave desacelera rapidamente rumo a um estol descoordenado. Você corrige no último momento, baixando o nariz para o melhor planeio. O pára-brisa logo se enche com o terreno que se aproxima. Atrás de você está uma pista lisa e plana de uma milha de extensão, chamando como uma canção de sereia. A sua mente dispara. O chamado se torna mais alto. Você então sucumbe, acionando forte o manche o pedal esquerdo, atraído pela promessa duvidosa de um porto seguro.

Você então inicia a “vota impossível”.

Em 28/10/2006, um Vans RV-6 sofreu uma perda de potência do motor na subida após decolar do Aeroporto Municipal de Turlock, Calif. Enquanto o piloto manobrava na tentativa de voltar à pista, o avião estolou e colidiu contra o solo. O piloto e o passageiro ficaram gravemente feridos.

A aeronave partiu da Pista 30 às 16h00 para um voo VFR. O piloto configurou o avião para a subida inicial. Após alcançar cerca de 500 pés de altura, o motor perdeu potência e a velocidade caiu. O piloto respondeu iniciando uma tentativa de voltar à pista. Durante a manobra, o avião estolou e o piloto tentou recuperar. O avião entrou em um estol secundário, descendo rapidamente, e colidiu contra o solo, parando invertido.

Um exame do motor após o acidente revelou velas sujas e outros fatores que contribuíram para a perda de potência. O NTSB mencionou anéis de pistão quebrados como a causa da falha mecânica. O acidente foi atribuído à falha do piloto em manter velocidade adequada enquanto manobrava para fazer um pouso forçado, o que resultou em um “estol/afundamento”.

A manobra de retorno à pista nessa situação é conhecida como “a volta impossível” por boas razões. Ela requer uma razoável altura e envolve manobras agressivas. Pegos de surpresa, os pilotos frequentemente não conseguem manter a velocidade e acabam sofrendo um acidente devido a um estol/parafuso. Para uma aeronave tentando manter a velocidade enquanto está planando, qualquer rolagem das asas aumentará a razão de descida. E a rolagem não termina após a curva de 180 graus. Mais manobras são necessárias para compensar o deslocamento lateral em referência à pista e para apontar o nariz em direção ao seu eixo. Ao mesmo tempo, a velocidade de estol aumenta com o ângulo de rolagem. Para um avião com problemas, que já está voando baixo e a baixa velocidade, a combinação da perda de altura e do aumento da velocidade de estol pode rapidamente transformar uma situação ruim em tragédia.

A que altura você deve estar antes de tentar voltar à pista caso o motor pare? Isso dependerá da aeronave e das circunstâncias. Testes realizados para um artigo da edição de julho de 2002 da AOPA Pilot revelaram que um Cessna 172 requer cerca de 500 pés de altura para retornar à pista com o uso de uma agressiva rolagem de 45 graus, além de permitir que o nariz baixe razoavelmente durante a curva de forma a manter a velocidade. Esse teste foi realizado sob condições ideais e levou em conta um tempo de apenas 4 segundos entre a parada do motor e a ação decisiva do piloto. Para a maioria de nós, 4 segundos não é muito tempo para superar o choque e a negação em se tornar um piloto involuntário de um planador, principalmente se fumaça e óleo estão jorrando do motor avariado.

A menos que o avião esteja próximo à altura do circuito de tráfego, ou que você já tenha iniciado uma curva quando o motor pára, normalmente é mais seguro pousar dentro da área que você vê através do pára-brisas. As estatísticas dão razão a essa afirmação. De acordo com o Nall Report, publicado pela Air Safety Foundation, da AOPA, a maioria dos acidentes relacionados a manobras são fatais. Por outro lado, apenas cerca de 10% dos acidentes em pousos forçados envolvem fatalidade. Manter o avião sob controle durante toda a descida até o solo, mesmo em um pouso fora, aumenta enormemente as chances de se safar do infortúnio.

O piloto acidentado e o passageiro tiveram sorte de sobreviver ao acidente. Com uma clara perspectiva do acontecido, o piloto disse posteriormente ao NTSB que o acidente “poderia ter sido evitado se ele tivesse mais prática com situações de parada de motor”.

Texto original: http://www.aopa.org/asf/epilot_acc/lax07la022.html

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