Falta de combustível força pouso em lago

Tentar voar no limite do combustível, especialmente sobre a água, é sempre uma má ideia. Em 25/4/2005, o piloto de um Piper Archer foi obrigado a fazer um pouso forçado no lago Michigan, a menos de sete milhas da costa de Milwaukee-Wisconsin, quando o motor parou. O piloto sobreviveu ao pouso forçado, mas nunca foi encontrado, tendo, presumidamente, se afogado.

O piloto chegou ao Aeroporto Internacional de Niagara Falls às 20h00 e encheu os tanques com 40 galões de combustível. Durante o reabastecimento, o técnico de rampa conversou com o piloto sobre a viagem que ele ia fazer e a rota planejada. O técnico perguntou ao piloto se ele planejava parar em Muskegon, Michigan, para reabastecer. O piloto respondeu que ele não pararia, mencionando a meteorologia como um problema – havia previsão de nuvens com base a 4.000 pés e chuva. O piloto afirmou que planejava voar direto até Madison, Wisconsin, e assegurou ao técnico que “a viagem foi planejada para durar três horas, e ele tinha quatro horas de combustível a bordo”. Ele também disse que quando fez a mesma rota no sentido leste, ele teve “bastante combustível de reserva”.

Três horas e meia de voo depois, o piloto voou sobre Muskegon na costa leste do lago Michigan. Meia hora depois, ainda sobre o lago Michigan, o piloto disse ao controle de Milwaukee que precisaria reabastecer antes de seguir para Madison. O piloto decidiu pousar em Milwaukee.

Às 0h04, com 4 horas e 2 minutos de voo, o piloto chamou o controle de Milwaukee: “Controle de Milwaukee, eu, eu estou ficando sem combustível agora”. Oito minutos depois, o piloto chamou, “Tenho a terra no visual, mas acho que não conseguirei planar até lá. Estarei tocando a água em breve”. O Archer pousou na água a 6,3 mn da costa.

Depois do pouso forçado na água, o piloto usou o seu celular para chamar o 911 e relatou que o avião tinha ficado sem combustível, que não tinha nenhum equipamento de flutuação, mas que sabia nadar. A Guarda Costeira iniciou as operações de busca e salvamento imediatamente, mas seus esforços não tiveram sucesso. O avião foi localizado três dias depois a uma profundidade de 45 metros. O piloto nunca foi encontrado.

O piloto tinha uma habilitação de piloto privado emitida em 19/6/2003. Sua caderneta de voo registrava 120 horas de experiência, 30 das quais em aeronave da mesma marca e modelo.

Os ventos de altitude a 3.000 e 6.000 pés ao longo da rota de voo eram previstos como sendo do oeste (240 a 280 graus), entre 26 e 42 nós. Com base nessa informação, supõe-se que o piloto teve ventos diretos de proa durante todo o voo.

O NTSB concluiu que a causa do acidente foi o inadequado planejamento pré-voo feito pelo piloto, e a sua decisão tardia em voo de fazer uma parada de reabastecimento, o que resultou na falta de combustível e o subsequente pouso forçado na água.

Esse acidente poderia ser evitado se o piloto tivesse parado para reabastecimento antes de continuar o voo sobre o lago. Sob condições ideais, com um perfeito empobrecimento da mistura para a máxima economia, o Archer teria uma autonomia de 5 hora e 24 minutos, no máximo. Com empobrecimento para a máxima potência, a autonomia diminuiria para quatro horas e meia.

Uma vez que o piloto decidiu voar sobre o lago sem reabastecimento, ele estava se arriscando. O piloto também não estava preparado para fazer um pouso forçado na água. Em abril, a temperatura no lago Michigan fica normalmente abaixo de 5ºC. Àquela temperatura, uma pessoa tem de 15 a 30 minutos antes de entrar em hipotermia, mas pode sobreviver até duas horas com um dispositivo de flutuação. Ele não tinha nenhum.

Os pilotos nunca pensam que ficarão sem combustível. Entretanto, acidentes relacionados ao gerenciamento de combustível acontecem a uma taxa de três por semana. Com um planejamento pré-voo apropriado e um correto gerenciamento de combustível durante o voo, a maioria desses acidentes podem ser evitados.

Texto original: http://www.aopa.org/asf/epilot_acc/chi05fa180.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário