Com a estação do ano mais propícia para voo entrando em seu ponto alto, o circuito de tráfego se torna um lugar muito mais congestionado do que há alguns meses atrás. Manter distância dos nossos colegas aviadores requer elevada vigilância e muita atenção às comunicações de rádio, principalmente em aeroportos sem torre. A maioria das colisões aéreas ocorrem em um raio de 5 milhas do aeroporto, durante o dia, em condições meteorológicas visuais. E a maioria das ocorrências não são as espetaculares colisões frontais que muitos pilotos imaginam, mas sim desagradáveis esbarrões, com a subsequente perda de controle – tal como quando duas aeronaves convergem em uma final.
Em 10/10/2004, aproximadamente às 16h40, um Cessna 152 e um Cessna 172 Skyhawk colidiram na aproximação do Aeroporto Cincinnati West, em Harrison, Ohio. Os dois aviões se engalfinharam a 300 pés de altura e caíram em espiral em uma escavação de cascalho. Os pilotos e o passageiro do Cessna 172 sofreram ferimentos graves.
Ambas as aeronaves estavam executando as operações do circuito de tráfego nos momentos que antecederam o acidente. O piloto do Cessna 172 decolou da Pista 01 e entrou no circuito de tráfego pela esquerda. O piloto do Cessna 152 realizou um toque/arremetida na mesma pista após a partida do Skyhawk. O piloto do Skyhawk declarou que viu o Cessna 152 decolar e acreditou que o avião estava bem atrás dele no circuito de tráfego.
O piloto do Skyhawk relatou que anunciou sua posição nas pernas do vento, base e final da aproximação. Ele acrescentou que ouviu o piloto do Cessna 152 anunciar sua posição apenas uma vez, na perna do vento. O piloto do Skyhawk entrou na aproximação final a 400 pés de altura, estendeu 30 graus de flap e reduziu sua velocidade. Enquanto descia rumo à pista, o piloto sentiu uma “pancada”, e o avião parou de responder.
O piloto do Cessna 152, que não se lembrava ter ouvido qualquer transmissão na frequência CTAF, voou um circuito de tráfego reduzido, iniciando sua perna base logo depois de passar, na perna do vento, pelo través dos números na cabeceira da pista. Quando entrou na final, a 300 metros de altura e a um quarto de milha da pista, ele viu a asa esquerda e o cockpit do Cessna 172 e imediatamente sentiu o impacto. O piloto do Cessna 152 não se lembrava do resto do voo.
De acordo com testemunhas, as duas aeronaves se atracaram em voo e iniciaram uma descida em espiral lenta. A pirueta aérea terminou quando os aviões atingiram o solo dentro de uma escavação de cascalho, causando um incêndio no Skyhawk. O piloto e o passageiro se arrastaram para fora do avião em chamas, e só então compreenderam que tinham sofrido uma colisão aérea. Eles ajudaram o atordoado piloto do Cessna 152 a sair do seu avião.
O piloto do Cessna 152 relatou mais tarde que ele não verificou a presença de outras aeronaves antes de entrar na final e que apenas anunciou sua posição na perna do vento. O NTSB concluiu que o acidente foi causado pelos procedimentos inapropriados do piloto do Cessna 152 no circuito de tráfego, além de comunicação de rádio imprópria, o que resultou na colisão aérea com o Skyhawk. Um fator no acidente foi a falha de ambos os pilotos em fazer uma adequada verificação visual em volta.
Os pilotos e o passageiro tiveram sorte em sobreviver. A maioria das colisões aéreas são fatais. As técnicas de separação visual e o apropriado uso do rádio são aspectos importantes do voo – e elas se tornam críticas no congestionado espaço aéreo em volta dos aeroportos. Para os pilotos operando em aeródromos sem torre, o Aeronautical Information Manual recomenda que sejam reportadas na aproximação as posições na perna do vento, base e final. O outro lado da moeda de fazer essas comunicações é ouvir o anúncio das posições das outras aeronaves, de forma que possamos saber de onde esperar tráfego.
E uma vez que sabemos o que esperar, é importante estar pronto para o inesperado. Nunca pare de verificar a presença de outras aeronaves, especialmente na final. Embora seja tentador fixarmos naqueles números na cabeceira da pista e criar um túnel visual para o pouso, é exatamente nesse momento que um piloto com problemas de comunicação, voando um tráfego não padrão, provavelmente entrará em cena – frequentemente com um esbarrão muito desagradável.
Texto original: http://www.aopa.org/asf/epilot_acc/nyc05la002a.html
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